Porvir: Escolas públicas com bons resultados no ensino médio têm relação próxima com alunos

2019-10-01T09:53:33-03:00 27/09/2019|

Pesquisa “Excelência com Equidade no Ensino Médio” analisa pontos fortes e dificuldades de escolas com notas acima da média na Prova Brasil e no Enem, altas taxas de aprovação e estudantes de nível socioeconômico baixo

Por Fernanda Nogueira, para o Porvir

A relação próxima com os alunos é um dos principais diferenciais das escolas públicas com bons resultados no ensino médio, mostra a pesquisa “Excelência com Equidade no Ensino Médio: a dificuldade das redes de ensino para dar suporte efetivo às escolas”. O estudo mapeou escolas que atendem alunos de nível socioeconômico baixo e obtiveram notas acima da média no Enem (Exame Nacional do Ensino Médio) 2017 e na Prova Brasil, com taxa de aprovação mínima de 95%.

As escolas pesquisadas têm outros pontos fortes em comum. De um total de cem escolas que atingiram os indicadores de qualidade propostos, 82 são de tempo integral. Isso permite um acompanhamento mais efetivo dos estudantes, diferente do que acontece nas escolas de tempo regular, com quatro a cinco horas de aulas diárias, segundo Ernesto Martins Faria, pesquisador responsável pelo estudo e diretor-executivo do Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional), que realizou o trabalho junto com a Fundação Lemann, Instituto Unibanco e Itaú BBA.

“Este é um desafio, porque não dá para fazer com que todas as escolas de ensino médio sejam de tempo integral no curto prazo. É preciso pensar em um modelo com mais tempo pedagógico, seja no contraturno ou em uma conexão escola-comunidade. É difícil conseguir bons resultados no tempo regular”, afirma Ernesto. A pesquisa faz parte de uma série iniciada em 2012 com os anos iniciais do ensino fundamental e que já investigou também os anos finais do fundamental.

Com a maior permanência dos alunos na escola, há atividades que desenvolvem a autonomia, discutem a vida dos jovens, falam sobre projetos de vida e plano de carreira. Desta forma, os estudos fazem sentido para os jovens.

Os pesquisadores visitaram duas escolas em cada um dos estados com mais escolas dentro dos critérios. Foram eles, Ceará, com 55 escolas, Espírito Santo, com 14, Goiás e Pernambuco, com sete cada. Estiveram também em uma escola na média para comparar os resultados.

O perfil das escolas pesquisadas mostra uma preocupação em desenvolver os conhecimentos cognitivos dos estudantes, com exercícios de fixação de gramática e matemática, por exemplo. “Eles precisam construir uma análise crítica e uma visão ampla a partir de conhecimentos sólidos. Por isso, essas escolas também cobram conteúdo e mesclam estratégias”, explica Ernesto.

A proximidade entre professores e alunos e a relação com os pais também fica acima da média, segundo a pesquisa. Além disso, as secretarias de educação contribuem na parte de indicadores, com informações sobre como os alunos se saem nas provas locais e nacionais.

Mesmo assim, as escolas enfrentam dificuldades para aumentar o número de alunos com nível de aprendizagem adequado para sua série. “Os desafios são grandes. Há um gargalo na formação de professores e no acompanhamento pedagógico. Os indicadores são reflexos de defasagens no aprendizado que vêm do fundamental. No ensino médio, as secretarias estaduais têm mais dificuldade para ajudar as escolas do que no ensino fundamental, quando a secretaria é municipal e tem um contato mais próximo”, explica Ernesto.

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