Um a cada cinco jovens brasileiros não concluiu o Ensino Médio e estava fora da escola, em 2022

2024-03-14T11:56:11-03:00 14/03/2024|

Entre os jovens mais pobres, índice chegava a 31,3%; Brasil tinha também 21,7% de jovens que não estudavam e nem trabalhavam. Dados estão disponíveis na plataforma QEdu Juventudes e Trabalho 

O Brasil tinha, em 2022, 48,9 milhões de jovens de 15 a 29 anos, sendo que mais de 9 milhões (19,9%) não haviam concluído a Educação Básica obrigatória e já estavam fora da escola. Entre aqueles que estavam entre os 25% mais pobres dessa população, o índice chegava a 31,3%. Já entre os mais ricos, caia para 6,8%. O País registrou também 21,7% de jovens que não estudavam e nem trabalhavam, sendo que, destes, 38% não terminaram a Educação Básica. Na faixa etária entre 18 e 24 anos, e entre as mulheres, especificamente, o percentual era de 33,6%. Ou seja, pelo menos uma a cada três jovens encontrava-se nessa situação. 

Esses são alguns dos dados presentes na plataforma QEdu Juventudes e Trabalho, lançada pela Fundação Roberto Marinho e o Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede) em parceria com a Fundação Lemann, a Fundação Itaú e o Itaú Educação e Trabalho. A plataforma está abrigada no QEdu, o maior portal de dados educacionais abertos do País, com mais de 8 milhões de acessos por ano. O projeto utiliza dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua de 2012 a 2022 – IBGE ) para fornecer um panorama das diferentes juventudes brasileiras, sua situação educacional e inserção no mundo do trabalho. O objetivo é qualificar o debate sobre o tema e nortear o desenvolvimento de políticas públicas e iniciativas na área. 

A Plataforma Qedu Juventudes e Trabalho permite não apenas uma análise dos jovens que estão na escola, mas também daqueles que estão fora da escola sem ter concluído a educação básica. Ao conhecer o perfil socioeconômico e a situação educacional das diferentes juventudes e a relação entre a escolaridade e o mundo do trabalho, torna-se possível atuar de forma mais efetiva na garantia de direitos desse público”, afirma Rosalina Maria Soares, Assessora de Pesquisa e Avaliação da Fundação Roberto Marinho. 

A plataforma revela, por exemplo, que 34,9% (17 milhões) dos jovens brasileiros de 15 a 29 anos estavam em situação de pobreza, em 2022, índice que, na região Nordeste, chegava a 55,4%. No Sul, era de 18,1%. Há diferenças significativas também em relação à cor/raça dos jovens: 22,8% do total de jovens brancos estavam em situação de pobreza ante 39% dos pretos e 43,6% dos pardos. 

As desigualdades de por cor/raça também ficam evidentes quando analisados os percentuais de jovens de 15 a 29 anos fora da escola, sem ter concluído a Educação Básica: entre os brancos, eram 14,3% (2,7 milhões). Entre os pretos, 24,5% (1,3 milhão) Tanto para homens como para mulheres e independentemente da cor/raça deles, a necessidade de trabalhar era apontada como o principal motivo para o abandono escolar. No entanto, para os homens, a segunda razão mais frequente foi a “falta de interesse em estudar”, enquanto para as mulheres, a gravidez. Já em relação aos jovens que não trabalhavam, não estudavam e não tinham concluído a Educação Básica (4,1 milhões), havia um perfil que se destacava: 52% deles estavam na faixa etária de 18 a 24 anos, 73,4% eram pretos ou pardos, 62,2% mulheres e 74,5% moravam na zona urbana. 

Outro dado que chama a atenção é a taxa de ocupação por nível de escolaridade. Entre os jovens que não concluíram o Ensino Médio, era de 37,6%; percentual que subia para 64% entre os que terminaram a Educação Básica, para 75,2% entre os jovens com Ensino Técnico e para 82,7% com Ensino Superior completo. Quanto maior a escolaridade, menor o percentual de jovens sem trabalho e sem estudo. Em relação à remuneração, jovens com ensino superior ganhavam, em 2022, em média, o dobro do que os jovens com ensino médio completo (R$ 3.344 vs R$ 1.662). 

“O Brasil precisa fazer mais pelas juventudes, em especial as mais vulneráveis. A plataforma mostra as grandes barreiras que são impostas a muitos jovens no acesso e na permanência na escola. A possibilidade de sucesso é, em muitos casos, determinada pela origem social, pela cor/raça, pelo gênero… A consciência sobre essa grande desigualdade é um passo essencial para a formulação de políticas públicas que possam combatê-la”, afirma Ernesto Martins Faria, diretor-fundador do Iede. 

Acesse aqui a plataforma QEdu Juventudes e Trabalho