Revista Educação: No mundo das palavras, nem todos têm acesso à alfabetização

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Compromisso Nacional Criança Alfabetizada é nova tentativa de um pacto federativo pela alfabetização — área em que o Brasil tem um atraso histórico

Por Paulo de Camargo – 17/04/2024

Desde pequenas, as crianças da Escola Companhia, em Santos, SP, começam a ter os primeiros contatos com as letras. Por diferentes estratégias, integram-se a um mundo já todo impregnado pela palavra escrita, muitas vezes pela voz e pelas mãos de seus professores. Aos quatro anos, demonstram interesse em entender seus próprios nomes, e se inicia então um trabalho mais sistematizado de alfabetização — que vai tornar as crianças, por volta dos seis a sete anos, leitores e escritores progressivamente autônomos.  

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Segundo o pesquisador Ernesto Faria, presidente do Instituto Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (IEDE), não se pode jogar o bebê com a água do banho. “Aconteceram avanços importantes na avaliação nas últimas décadas”, diz. Para ele, é importante que tenha se consolidado uma cultura de políticas públicas de avaliação ao final do 2º ano dos anos iniciais. Mas, na sua opinião, é preciso olhar para a frente e aprimorá-las. 

Parte das questões das provas oficiais, por exemplo, são respondidas tendo o professor como mediador da leitura. Se isso permite que os alunos não deixem a prova em branco (e, portanto, não se extraia nenhuma informação de seu estágio de aprendizagem), por outro lado não se chega a saber o grau de autonomia como leitores. Ele defende uma discussão sobre o peso da mediação e os momentos em que é necessária. 

“É preciso também ampliar o papel formativo das avaliações, aumentando o repertório à disposição do professor”, acredita. “Os alunos precisam ser expostos a mais tipos de textos, ampliar o vocabulário, aumentar a proficiência”, lembra. Rever a avaliação passa também por elevar o nível de complexidade. Mesmo com os péssimos resultados, é necessário lembrar que as avaliações brasileiras ainda mantêm uma régua baixa, se comparados com o que acontece fora do Brasil. “Os textos aos quais os alunos são expostos aqui são bem menos complexos”, diz Ernesto Faria, que realiza seu doutorado na Universidade de Coimbra. 

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