Iede lança Relatório de Atividades 2021

2022-09-05T10:01:43-03:00 18/07/2022|

Esperávamos que 2021 fosse um ano mais fácil para a Educação brasileira e para o Brasil, como um todo, comparativamente a 2020, quando teve início a pandemia de covid-19. Não foi. Em abril, o País registrou mais de 82 mil mortes e teve o mês mais letal desde o início da crise sanitária. A maioria das escolas continou sem aulas presenciais por pelo menos metade do ano letivo e os desafios, que já não eram poucos no ano anterior, ganharam novos contornos. Antes de falarmos da Educação em 2021, vamos relembrar brevemente 2020, quando a pandemia nos impôs um contexto inédito e brutal, mudando radicalmente todas as esferas da vida. Em março daquele ano, com o fechamento abrupto das escolas, os estudantes tiveram que começar a aprender a distância, sem as redes de ensino saberem exatamente como fazer isso ou terem estrutura adequada para tal. O estudo “A Educação Não Pode Esperar”, realizado por nós em parceria com o Comitê Técnico da Educação do Instituto Rui Barbosa (CTE-IRB), revelou que, em maio de 2020, 18% das 249 redes públicas analisadas ainda não tinham se organizado para oferecer atividades remotas (impressas ou online) aos alunos. Entre as que disponibilizavam conteúdos, a periodicidade variava: no caso dos anos iniciais do Ensino Fundamental, 27% disseram que ofertavam atividades diariamente; 44%, semanalmente; e 29%, quinzenalmente. Foi um ano de muito trabalho, adaptação e resiliência.

Em 2021, os professores já estavam mais habituados às ferramentas tecnológicas e os municípios, como um todo, mais estruturados para lidar com a nova realidade que lhes foi determinada. Os institutos de pesquisas e organizações do 3º setor, por sua vez, produziram diversas análises sobre os primeiros impactos da pandemia na Educação, olhando para as perspectivas dos estudantes e de suas famílias, saúde mental dos educadores e taxas de atendimento escolar, entre outros tópicos relevantes. Do ponto de vista da saúde, foi um ano extremamente difícil, especialmente no 1º semestre; já na área da Educação, ainda que não possamos classificar de “mais fácil”, começamos a ter mais respostas, direcionar ações e planejar o futuro. Nesse sentido, optamos por focar nossos projetos em três frentes principais, relacionadas aos maiores impactos trazidos pela pandemia:

01. APRENDIZAGEM DOS ESTUDANTES
02. PERMANÊNCIA NA ESCOLA
03. DESIGUALDADES EDUCACIONAIS

Em relação à aprendizagem, aplicamos minitestes online e gratuitos em 14 redes de ensino, a fim de auxiliá-las no diagnóstico da situação de aprendizagem dos estudantes em relação a alguns objetivos prioritários da Base Nacional Comum Curricular (BNCC) para Língua Portuguesa e Matemática. Além de dar uma contribuição efetiva e direta às redes avaliadas, que utilizaram as informações fornecidas de diversas formas (como subsídio para o reforço escolar e a formação de professores, por exemplo), nosso objetivo também foi o de obter um panorama geral dos impactos causados pela interrupção das aulas presenciais no desempenho dos estudantes.

Tendo em vista a importância de um bom diagnóstico para a tomada de ação, realizamos uma série de mudanças no portal QEdu — uma das principais plataformas de dados educacionais do País e que está sob nossa gestão desde 2020. Começamos pela página inicial (home), tornando-a responsiva para celulares, mais fácil de navegar e com muito mais dados. Agora, os usuários conseguem clicar em um mapa interativo e obter, por Estado, informações como o percentual de estudantes com aprendizado adequado em Língua Portuguesa e em Matemática, as taxas de reprovação e de abandono escolar, e conhecer o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (Ideb) da localidade. Reformulamos também as páginas internas de escolas, Estados e Municípios, buscando incorporar mais dados e contextualizá-los melhor. Não poderíamos deixar de citar a criação das plataformas QEdu Gestão, QEdu Países e QEdu.

Analítico, visando suprir diferentes necessidades de quem trabalha na área de Educação e, ou, com dados educacionais. Com o intuito de munir o debate público de informações qualificadas sobre uma das piores consequências da pandemia na Educação (o aumento das taxas de evasão e abandono escolar) lançamos o estudo “Permanência Escolar na Pandemia”. Esta foi a 4ª pesquisa feita em conjunto com o CTE-IRB e os Tribunais de Contas do País, solidificando uma parceria que teve início em 2019, com a publicação do estudo “Educação que Faz a Diferença”. A partir da aplicação de questionários online a 1213 redes de ensino, de todas as regiões do Brasil, obtivemos um panorama de quantos estudantes mantiveram o vínculo com a escola (participaram de aulas on-line e, ou, entregaram as atividades impressas propostas).

Ainda como parte desse esforço de revelar o montante de crianças e jovens fora da escola, lançamos um indicador novo, calculado a partir de dados do Censo Escolar, que chamamos de “Indicador de Permanência Escolar”. O diferencial dele é contabilizar o acumulado de pessoas que passaram pela escola, mas em algum momento a abandonaram, independentemente do ano em que isso tenha acontecido. É uma medida importante a Estados e Municípios para orientar a busca ativa daqueles que ainda deveriam estar no sistema, mas não estão mais. Na frente de combate às desigualdades educacionais, estabelecemos novas e importantes parcerias, sendo uma delas com o Centro Lemann de Liderança para a Equidade na Educação, em Sobral (CE), apoiando-os na construção de seu programa de pesquisa. Outra foi com o Instituto Gesto, auxiliando redes de ensino apoiadas por eles na análise de seus dados educacionais para a elaboração de um diagnóstico de equidade. Também fomos contratados pelo Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID) para analisar diferentes áreas da Secretaria de Educação do Estado do Mato Grosso a fim de apontar caminhos para tornar mais eficiente a utilização dos recursos públicos da rede e, com isso, ajudá-los na redução de suas desigualdades. Não menos importante, foi a criação de um GT de Dados e Indicadores, em que reunimos alguns dos principais especialistas em Educação do País para discutir os rumos do Ideb e propostas para atualizá-lo, buscando torná-lo ainda mais relevante e orientador para as tomadas de decisão em Educação. Esforço este que vai continuar em 2022.

Neste ano, ganhamos até um prêmio: fomos os vencedores da categoria “Inovação na Crise” do 3º prêmio José Eduardo Ermírio de Moraes, uma parceria do Insper com a família Ermírio de Moraes. Mais uma vez, 2021 não foi um ano fácil. Longe disso, foi um ano árduo. Mas chegamos ao final com a sensação de dever cumprido, de termos feito o melhor que pudemos, mas sabendo que os desafios trazidos pela pandemia são complexos e duradouros e vão nos exigir ainda mais empenho para alcançarmos os resultados que queremos na Educação. A todos que estiveram conosco: muito obrigado! Esperamos contar com vocês também nos próximos anos.

Vamos juntos!

Ernesto Martins Faria
DIRETOR-EXECUTIVO DO IEDE

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