Posicionamento do Iede pós-eleições

2023-03-22T13:26:44-03:00 31/10/2022|

Em seu discurso de vitória, na noite de domingo (30), o presidente eleito Luiz Inácio Lula da Silva usou a palavra “diálogo” sete vezes. Entre outras colocações, disse que é preciso “reestabelecer o diálogo entre governo, empresários, trabalhadores e sociedade civil organizada”, “retomar o diálogo com o Legislativo e Judiciário” e “retomar o diálogo com os governadores e os prefeitos”.

Nós, do Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), entendemos que, após a eleição mais acirrada desde a redemocratização do País, essa é a ação mais necessária: dialogar, tanto entre os convergentes, mas, especialmente, entre os divergentes. Neste momento de mudanças e rupturas, em que parte da sociedade preferia um outro projeto de governo, precisamos de união e diálogo. E a base para isso, para uma sociedade mais tolerante, que respeita as diferenças e, principalmente, dialoga mais, está na escola. Mas não é em qualquer uma, mas sim naquelas que possuem uma gestão democrática, que promovem conversas abertas entre os diferentes atores escolares, que zelam pela saúde mental dos corpos docente e discente e que desenvolvem habilidades socioemocionais, como a empatia e a paciência, nos estudantes. 

Reafirmamos aqui o nosso comprometimento com um sistema educacional de referência no Brasil, que utiliza evidências de pesquisa nas tomadas de decisão e que oferece um ensino de qualidade com igualdade de oportunidades para todos os alunos. Concentramos os nossos esforços em três pilares de atuação que, no nosso entender, podem contribuir para esse sistema que almejamos: o mapeamento e compartilhamento de boas práticas entre redes de ensino e escolas; a realização de diagnósticos e análises que ajudem no combate às desigualdades educacionais; e a atuação para que indicadores e avaliações educacionais sejam cada vez melhores e norteiem de forma adequada as tomadas de decisão na área de Educação.  

Em um cenário de pós-pandemia, em que todas as etapas de ensino registraram queda na aprendizagem, segundo o Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2021, e que o abandono e a evasão escolares ainda são grandes desafios, a educação tem que ser prioridade máxima do próximo governante, feita com base em evidências e gerida por pessoas tecnicamente capacitadas — isso merece especial atenção após uma gestão cheia de trocas no Ministério da Educação (MEC). Afinal, todas as crianças e jovens, independentemente de quaisquer características ou condições, precisam ter seu direito à aprendizagem assegurado. 

Crédito da foto: Thomaz Silva/ Agência Brasil