Plataforma tem como objetivo ajudar gestores a tomar melhores decisões baseados em dados e evidências

O QEdu, portal de dados educacionais criado em 2012 e que conta com mais de 5 milhões acessos por ano, ganhou uma nova plataforma: o QEdu Gestão. Com ela, profissionais que atuam em Educação podem analisar dados das redes de ensino ou escolas que têm interesse, relacionados a perfil docente, infraestrutura, aprendizados dos alunos, entre vários outros. As informações podem ser tanto de avaliações ou questionários nacionais, como do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) e do Censo Escolar, quanto de avaliações próprias que as unidades tenham realizado.

Esse é um dos grandes diferenciais do QEdu Gestão em relação ao que já existe no portal QEdu: enquanto no QEdu as bases de dados são as mesmas para todos os usuários, no Gestão é possível customizá-las, inserindo novas planilhas. A intenção é possibilitar análises mais rápidas e eficazes de acordo com o que é mais importante para cada gestor.

A iniciativa é fruto de uma parceria entre o Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), a Cátedra Sérgio Henrique Ferreira do Instituto de Estudos Avançados da USP de Ribeirão Preto (IEA-RP/USP), a B3 Social e a Fundação Lemann. O lançamento da plataforma ocorreu no dia 31 de maio, em evento on-line no YouTube do IEA-RP/USP.

“A plataforma QEdu busca e deve se encaixar num ciclo de políticas públicas. Seu objetivo não é produzir dados, mas disponibilizar dados e evidências para uma análise sobre que agenda devemos priorizar em educação do ponto de vista da gestão em cada rede, seja ela municipal ou estadual”, destacou Vitor de Angelo, secretário de Educação do Espírito Santo e presidente do Conselho Nacional de Secretários de Educação (Consed). Ele foi um dos participantes do evento e ressaltou o pouco uso feito no país dos dados já produzidos da Educação Básica.

“O QEdu foi é e continuará sendo essa referência, agora potencializado pelo QEdu Gestão, que dará novos impulsos à gestão”, afirmou Luiz Miguel Garcia, presidente da Undime.

Sobre a plataforma – A plataforma traz uma visualização amigável para que o gestor identifique com agilidade unidades ou municípios prioritários e também aqueles cujas boas práticas podem servir de inspiração. Os dados a serem estudados é o usuário quem escolhe e sobe na plataforma.

“O QEdu Gestão busca ajudar, principalmente, na promoção de mais equidade na educação pois permite uma comparação rápida entre diferentes regiões ou grupos de estudantes. Combater as desigualdades educacionais demanda um bom diagnóstico e um olhar cuidadoso para os grupos mais vulneráveis, como alunos de baixo nível socioeconômico ou de comunidades rurais”, explica Ernesto Faria, diretor do Iede.

O uso da plataforma é gratuito para as redes públicas de ensino. Os interessados devem preencher um formulário para que seja estabelecida uma parceria com o Iede, já que cada rede ou escola tem seu próprio login e senha. Dessa forma, os gestores podem optar por deixar seus dados privados, com acesso restrito apenas aos profissionais com a senha, ou torná-los públicos. É o que está fazendo a Cátedra Sérgio Henrique Ferreira, do IEA-RP/USP, que produziu análises focadas nas cidades brasileiras de médio porte. Todas  as planilhas estão abertas ao público, permitindo a análise de especialistas e pesquisadores e abrindo caminho para a cooperação entre municípios e para o compartilhamento de boas práticas.

Discussões sobre repetência e aprendizagem – Em sua apresentação sobre a plataforma, o diretor do Iede, Ernesto Faria, destacou dados dos questionários do Saeb 2019. Um deles, referente ao percentual de professores que concordaram com a frase “repetir de ano é bom para os alunos que não apresentaram bom desempenho”: “Não consigo usar outra palavra que não chocante. É muito importante falarmos quanto a cultura de reprovação e repetência que ainda existe no Brasil. E não é sobre obrigar os professores a aprovar, mas é uma estratégica demonstrada por vários estudos que não dá efeito e continua a ser muito utilizada.”

Em alguns municípios, como é o caso de São Vicente (SP), Mesquita (RJ), Toledo (PR) e Alvorada (RS), 100% dos professores concordaram que repetir de ano é bom para quem não teve bom desempenho. “No Pisa você conta nos dedos, literalmente, quais são os alunos que já repetiram e tem bom nível de aprendizagem. Reprovação é um grande preditor para abandono e evasão. Isso é muito sério. Repetência não é uma boa estratégia. O gestor precisa trabalhar, e não na lógica de política de cima pra baixo obrigando o professor a aprovar, mas mostrando que reprovar não é uma política efetiva”, afirmou.

Maria Helena Guimarães, presidente do Conselho Nacional de Educação (CNE), também se surpreendeu com o quanto a cultura de repetência continua arraigada no país, ao contrário de outras nações. “É um sinal de atraso”, afirmou ela, que destacou também o quanto o QEdu Gestão poderá contribuir coma as redes na identificação de prioridades para minimizar os prejuízos e desigualdades do contexto de pandemia.

“O QEdu gestão traz subsídios da maior relevância para preparar a agenda de transição do pós-pandemia. Temos que olhar os dados do passado para pensar o que precisamos fazer daqui pra frente. Precisamos de uma agenda emergencial estratégica”, afirmou Maria Helena Guimarães.

Links rápidos

Conheça aqui o QEdu Gestão
Acesse as planilhas do IEA-RP/USP com dados sobre os municípios de porte médio do País
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Assista ao evento de lançamento da plataforma

Assista ao vídeo abaixo e entenda as funcionalidades do QEdu Gestão: