Iede e Instituto Península publicam estudo sobre o cenário dos professores no Brasil

2021-08-27T16:11:03-03:00 27/08/2021|

O Interdisciplinariedade e Evidências no Debate Educacional (Iede) e o Instituto Península analisaram dados sobre a situação dos docentes no Brasil, voltando o olhar para formação e desenvolvimento profissional, aspectos socioemocionais, propósito e saúde. A pesquisa, publicada em 2019, foi realizada a partir da tabulação inédita de dados da Talis (Teaching and Learning International Survey, em inglês) 2013 e dos questionários do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2017, além da revisão de diversas pesquisas sobre professores publicadas nos últimos anos, especialmente por organizações do 3º setor.

A análise desses materiais traz um resultado importante e que deveria nortear políticas públicas: formação de professores é uma questão multidimensional e que precisa de intencionalidade clara. É preciso levar em conta que a trajetória, habilidades socioemocionais e propósito importam tanto quanto o conhecimento da disciplina para que o trabalho seja efetivo.

Conheça a seguir alguns dados compilados pelo estudo:

  • 3,3% (755 em números absolutos) escolheram profissões ligadas à docência quando questionados “Qual profissão você espera ter aos 30 anos de idade?”,  segundo a pesquisa “O Perfil dos Jovens que Esperam ser Professores” (2018), do Iede, com dados tabulados do Pisa 2015.
  • O Brasil estava na última posição entre 35 países no quesito de valorização da profissão pelos cidadãos do país, segundo estudo “Global Teacher Status Index” (2018) da Varkey Foundation. 
  • Dados do Indicador de Adequação da Formação Docente, criado pelo Inep, mostram que, em 2018, 22,3% dos professores do Ensino Fundamental não tinham Ensino Superior. Nos anos finais, 13,4%, e entre professores do Ensino Médio, 5,4%. 
  • A pesquisa Profissão Professor (2018), iniciativa do Itaú Social e do Movimento Todos pela Educação, apontou que, enquanto 34% dos entrevistados discordam totalmente que a formação inicial os preparou para os desafios da docência, 29% concordam totalmente.
  • O Brasil aparece ainda entre os três países com os maiores percentuais de docentes que não tiveram pedagogia da disciplina que ensinam durante a formação inicial. (Tallis, 2013)
  • Em todos os estados brasileiros, mais de 80% dos professores gostariam de ter participado de mais atividades de desenvolvimento profissional nos últimos anos, mostram os questionários do Saeb 2017. 
  • Os dados do Saeb 2017 indicam ainda que 61% dos professores têm curso de especialização e 5,8% de mestrado ou doutorado. 
  • Os professores se sentem sozinhos e despreparados frente à realidade dos alunos, pois vêm de contextos diferentes dos seus e para os quais a escola é o único local de acolhimento, segundo a pesquisa Observatório do Professor (2018), do Instituto Península. 
  • Somente 18,4% “concordam” ou “concordam fortemente” que os professores com melhor desempenho recebem as melhores recompensas(como prêmios, responsabilidades extras, etc), de acordo com a Talis 2013. 
  • “Quando recebe um feedback dos pais ou responsáveis qual a importância que você dá a ele?” (Talis, 2013), 57,1% responderam dar “alta importância”. Outros 28,2% disseram considerar “importante”; apenas 9,2% como de “pouca importância”; e 5,6% que “não leva em consideração” a opinião. 
  • 80% dos professores no Brasil consideram que os colegas dão suporte uns aos outros na implementação de novas ideias na escola (Talis 2018). 
  • 94% dos docentes no Brasil concordam que alunos e professores “geralmente se dão bem uns com os outros” (Talis, 2013). Contudo, apesar dessa percepção positiva, o ambiente escolar pode ser bastante hostil: 28% dos diretores relatam atos regulares de intimidação ou bullying entre seus alunos, o dobro da média da OCDE (14%). 
  • De acordo com os questionários do Saeb 2017, 68,4% dos professores afirmam que houve agressão verbal ou física entre alunos no último ano. Já 49,6% afirmam que houve casos de agressão verbal ou física de alunos a professores ou a funcionários da escola.
  • O Saeb 2017 indica que, para 68% dos professores, indisciplina é um dos fatores que impactam nos problemas de aprendizagem dos alunos. 
  • 73,2% consideram que existe uma cultura colaborativa na escola, caracterizada pelo apoio mútuo (Talis, 2013).
  • Na pesquisa Conselho de Classe de 2014, 73% dos docentes disseram que quem dá apoio ao professor nas dificuldades no cotidiano na sala de aula é o diretor; 68%, o coordenador pedagógico; e 48%, outros professores da escola. 
  • 89% dos entrevistados consideram que os professores trazem uma contribuição relevante à sociedade. Mais de 60% dizem que “sempre foi um sonho ser professor”. 89,3% querem ser professores porque “consideram que os professores trazem uma contribuição relevante à sociedade”. Em segundo lugar, aparece como motivo “porque gosta de trabalhar com crianças ou adolescentes” (84,1%) e, na sequência, “porque tem boas habilidades para ensinar” (80,6%). Ter tido bons professores na educação básica (73,6%) e experiências positivas na escola (72,3%) também são razões que influenciam muitos a seguirem na área (Saeb, 2017). 
  • Já entre os concluintes de cursos de licenciatura que não querem ser professores, as principais razões apontadas são: 66,2% “porque o piso salarial do magistério público é baixo”, 64,7% “porque as atuais condições de infraestrutura e de material de apoio das escolas são ruins” e 63,9% “porque a profissão não é valorizada socialmente”. (“Escolha ocupacional pelo magistério: por que muitos bons alunos não se tornam professores?”, 2019)
  • 70% dos professores no Brasil, se pudessem decidir novamente, escolheriam pela profissão (Talis, 2013).
  • 49% “certamente não a recomendariam” a um jovem ser professor; 23% “certamente recomendariam” (Profissão Professor, 2018).

Acesse o estudo aqui

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