Folha de S. Paulo: Estados que continuam sem aulas presenciais já tinham até quase um terço dos jovens fora da escola

2021-05-31T14:49:35-03:00 31/05/2021|

Fechamento prolongado deve ampliar proporção dos que deixam de estudar no país

Isabela Palhares, da Folha de S. Paulo

Estados, que ainda continuam sem aulas presenciais, já registravam, mesmo antes da pandemia, as mais altas taxas de adolescentes fora da escola.

Em todo o país, 18% dos jovens de 16 e 17 anos estavam sem estudar em 2019. No entanto, a situação já alcançava 27% no Maranhão.

Desde o início da pandemia, especialistas alertam sobre a necessidade de ações para evitar o aumento de alunos que saem da escola. A suspensão prolongada das aulas e a perda de renda das famílias são a combinação mais perigosa para afastar os jovens dos estudos.

Passados 14 meses da crise sanitária, os estados, que já tinham a maior proporção de alunos com menor condição socioeconômica e mais jovens fora da escola, ainda não reabriram suas escolas.

É o que mostram os dados do Indicador de Permanência Escolar, lançado nesta segunda (31) pelo Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional). Com informações do Censo Escolar, o instituto calculou o percentual de estudantes que passaram pela escola e a abandonaram.

Diferentemente de outros indicadores, esse dado coloca na conta todos os estudantes que deixaram os estudos. Em geral, os cálculos de abandono escolar só identificam a evasão em relação ao ano anterior.

“Com essa nova forma de cálculo, conseguimos identificar todos os jovens que saíram da escola, em qualquer ano que ela possa ter abandonado os estudos. Nesse indicador, temos o acumulado de todos os alunos que perdemos ao longo do caminho”, explica Ernesto Faria, diretor do Iede.

Os dados mostram que, enquanto, no Maranhão, 27% dos jovens de 16 e 17 anos já não estavam mais na escola. Em Santa Catarina, por exemplo, a taxa é bem menor, de 10%.

Para Faria, a enorme disparidade encontrada no Brasil é reflexo de um sistema educacional que não atua de forma eficaz para promover a equidade e dar suporte aos mais vulneráveis.

Dos 15 estados com taxa de jovens fora da escola mais alta do que a média do país, 11 ainda não retornaram com aulas presenciais nas redes públicas.

“A pandemia atinge de forma mais cruel os mais vulneráveis. Os sistemas educacionais que já tinham problemas mais complexos, como o abandono escolar, tiveram menos capacidade de reação nesse período”, diz Daniel de Bonis, diretor de políticas educacionais da Fundação Lemann. Leia a reportagem completa na Folha de S. Paulo

Crédito da imagem: print do site da Folha de S.Paulo