Estudo do Iede e da Árvore aponta relação do hábito leitor com indicadores educacionais e socioeconômicos

2024-03-14T12:02:04-03:00 29/11/2023|

Os estudantes brasileiros que chegam aos níveis mais altos de aprendizagem no Pisa (Programme for International Student Assessment) — uma avaliação internacional, aplicada a alunos de 15-16 anos — têm, em geral, melhores hábitos de leitura: entre os que afirmaram ter lido um texto com mais de 100 páginas no ano, 29% conquistaram pelo menos o nível 4 (em uma escala até 6) em Leitura no Pisa 2018. Entre aqueles que disseram ter lido somente uma página ou menos, apenas 5% alcançaram o mesmo patamar. Essas são algumas das constatações do estudo “A relação entre hábito leitor e indicadores socioeconômicos e educacionais”, lançado pelo Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede) em parceria com a Árvore, plataforma gamificada de leitura. Acesse aqui o estudo completo

As análises, feitas a partir dos microdados do Pisa 2018, mostram que um bom hábito leitor não está associado apenas a melhores resultados em Leitura, mas também em outras disciplinas, como Ciências e Matemática. Um terço dos estudantes que leem textos longos (com mais de 100 páginas) alcançou pelo menos o nível 3 nessas três disciplinas no Pisa 2018. Já entre os que leem pouco (menos de uma página), 6% conseguiram o mesmo resultado.

Combinação de baixo nível socioeconômico e pouco hábito leitor é especialmente desafiadora — Embora a leitura seja muito importante para todos os alunos, o estudo mostra que um bom hábito leitor é especialmente relevante para estudantes de baixo nível socioeconômico (NSE). São raríssimos os casos de alunos de baixo NSE que dizem ler pouco e atingem um bom nível de aprendizagem: somente 1% dos que afirmaram ter lido uma página ou menos no ano chegou ao nível 4 em Matemática, Ciências e Leitura (em uma escala até seis). Entre os que leram 100 páginas ou mais, foram 11%.

Relação positiva da leitura com indicadores socioeconômicos, como Produto Interno Bruto (PIB) — O estudo revela ainda que países com PIB mais alto e menor Taxa de Desemprego entre a população de 15 a 24 anos possuem jovens com melhor hábito leitor. Tal análise foi feita considerando as respostas dos estudantes aos questionários do Pisa dos anos de 2000 e 2009 e duas variáveis externas: a) PIB per capita dos países; e b) Taxa de Desemprego entre Jovens de 15 a 24 anos. Em ambas, foram considerados os anos de 2007-08 e 2016-17, já que a intenção era verificar os possíveis efeitos do hábito leitor nos indicadores dos países no médio prazo. As variáveis foram extraídas do World Bank Development Indicators, que agrega dados comparáveis entre mais de 100 países.

Para essa investigação, foi utilizado um método chamado de regressão com efeitos fixos, que permite controlar as características específicas dos países que podem afetar o seu resultado econômico, como cultura, hábitos da população, riqueza, continente, além de características não observáveis (não mensuradas).

Estudantes brasileiros, de forma geral, leem pouco — O estudo traz alertas importantes, uma vez que, dentre os 79 países avaliados no Pisa 2018, o Brasil é o que possui o maior índice de estudantes que disseram que o texto mais longo lido naquele ano tinha uma página ou menos: 19,6%. Nos países desenvolvidos, que compõem a OCDE, a média é de apenas 5,5%. Dentre os países da América do Sul, o Brasil é o que possui o menor índice de estudantes que declararam ter lido mais 100 páginas no ano: apenas 9,5%. O Chile se destaca, com 64%. Argentina e Colômbia aparecem na mesma faixa, com 25,4% e 25,8%, respectivamente. A média dos países desenvolvidos, que compõe a OCDE, é de 25,4%.

Acesse aqui o estudo completo