Editorial do jornal O Estado de S. Paulo: O País reprovado em matemática

2023-04-25T17:25:47-03:00 20/12/2022|

Só 5% dos concluintes do ensino médio em escolas públicas atingiram níveis adequados de aprendizagem em 2021; num cenário assim, não se pode falar em desenvolvimento

Opinião do Estadão

á passou da hora de repensar o ensino de matemática nas escolas brasileiras. O cenário, infelizmente, é de terra arrasada. E ninguém se iluda: enquanto gerações de estudantes completarem a escola sem saber calcular sequer uma porcentagem, o Brasil não trilhará o caminho do desenvolvimento. Tal diagnóstico foi reforçado, nos últimos dias, por um levantamento que mostra que apenas 5% dos concluintes do ensino médio nas escolas públicas do País atingiram níveis adequados de aprendizagem de matemática em 2021.

O estudo foi feito pelo instituto Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede), com base nos resultados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) − exame sob responsabilidade do Ministério da Educação (MEC). O Saeb é o principal teste nacional para medir a qualidade do ensino. Em 2021, ressalte-se, captou o retrocesso provocado pelo fechamento de escolas e pelas deficiências do ensino remoto e híbrido durante a pandemia de covid-19.

Os baixíssimos índices de aprendizagem de matemática, contudo, não são consequência somente da pandemia. Prova disso é que o Iede analisou edições anteriores do Saeb e chegou a resultados similares: em 2019, apenas 7% dos concluintes na rede pública tiveram desempenho adequado; em 2017, foram 5%. Ou seja, o problema não tem nada de conjuntural. É, na verdade, uma falha estrutural do sistema de ensino brasileiro.

Por óbvio, há algo patentemente errado quando a quase totalidade dos alunos fica para trás. Eis uma regra de ouro na educação: se apenas 5% dos estudantes têm êxito, tudo leva a crer que o problema seja mais das escolas, que não conseguem ensinar, do que dos alunos que terminam o ano letivo sem aprender. Considerando que 8 em cada 10 estudantes de ensino médio no Brasil frequentam as redes estaduais, tem-se a dimensão do problema. Leia o editorial completo no jornal O Estado de S.Paulo