Chutar ou deixar em branco? No Enem, veja qual a melhor saída em dia de matemática, física, química e biologia

2018-11-22T09:10:24-03:00 11/11/2018|

Estudantes terão cinco horas para resolver as 90 questões de matemática e ciências da natureza (com física, química e biologia). Pela 1º vez, prova terá 30 minutos a mais de duração

Por G1

Neste domingo (11), o Enem terá 45 questões de matemática e 45 de ciências da natureza (física, química e biologia). Quem não conseguir responder a todas as perguntas a tempo vai ficar na dúvida: chutar ou não chutar a resposta? O Enem tem um sistema “antichute” desenhado para detectar quando o estudante provavelmente não sabe a resposta correta, mas acerta mesmo assim. Por isso, vale deixar em branco ou chutar mesmo assim?

Especialista na metodologia do Enem, Tadeu da Ponte, professor e coordenador dos processos seletivos do Insper, diz, apesar da Teoria de Resposta ao Item (TRI), em alguns momentos em que chutar entre as cinco alternativas – ou entre duas ou três, após um primeiro filtro – é a melhor opção.

E dá para chutar bem? Tadeu da Ponte dá algumas dicas:
  • Atenção às questões mais fáceis

Apesar de o candidato que erra só uma questão fácil, mas mostra proficiência mais alta, não ser tão penalizado pelo erro, Tadeu explica que isso não acontece se ele for descuidado e errar muitas questões simples. Nesse caso, a TRI pode entender que a proficiência dele é mais baixa.

  • Atenção às questões do seu nível

Quando o candidato se depara com uma questão que parece desafiadora, mas não impossível para o conhecimento dele, vale a pena se debruçar sobre ela para tentar chegar à resposta correta, ou chutar entre menos alternativas, depois de eliminar outras por exclusão. Afinal, um acerto de uma questão de um nível de proficiência um pouco mais alto garante mais pontos do que o de uma questão muito mais difícil, porque pode fazer a TRI entender que aquele não foi um chute.

Segundo ele, o objetivo da metodologia é justamente garantir que alguns critérios se mantenham justos, inclusive a frequência das alternativas. Uma análise feita pelo G1 com todas as respostas corretas de quatro gabaritos oficiais do Enem aplicados nos últimos anos mostra que a frequência de cada uma das cinco alternativas varia entre 18,9% e 21,1% do total, o que indica equilíbrio entre elas. Por isso, na dúvida, recorrer a uma letra porque ela aparece mais no gabarito não deixa de ser outro palpito sem base científica.

Tadeu explica que essa explicação só tem uma utilidade: quando um candidato muito bem preparado está prestes a gabaritar a prova, mas ficou em dúvida em uma pequena quantidade de respostas, ele pode verificar quais alternativas ele marcou com menor frequência para determinar a chance de as questões em dúvida terem esses alternativas como respostas possíveis.

“Fora isso, nenhuma outra dica funciona. Essa ciência se desenvolveu justamente para evitar que as pessoas usem artifícios do que seja apresentar o seu desempenho e a sua proficiência para conseguir uma nota mais alta. Não tem jeitinho. A TRI é o ‘anti-jeitinho’”, diz o especialista.

Metodologia TRI e como funciona o ENEM

Veja abaixo como funciona a TRI e quando confiar na sorte para garantir pontos nas provas deste domingo:

Para que serve a TRI?

Segundo Tadeu, que também é o fundador da empresa de avaliação Primeira Escolha, e membro do comitê técnico de pesquisa do Portal Iede, o propósito da TRI é criar uma medida para avaliar a proficiência de uma pessoa em uma determinada área do conhecimento. Ele explica que ela existe porque essa proficiência está “dentro da pessoa” (em termos técnicos, isso é chamado de “traço latente”). Por isso, é preciso testar a reação dela para observar o quanto ela sabe. “Se eu pudesse olhar para alguém e saber o que ela sabe de matemática, ela não precisaria fazer prova”, diz ele.