Apenas 16% dos professores de 5º ano apostam que a maioria dos alunos irá para a universidade

2019-06-06T17:10:02-03:00 30/04/2019|

As expectativas dos professores em relação aos alunos afetam suas atitudes e resultados. Ter altas expectativas, apontam diversos estudos, são fundamentais para engajar os estudantes com a escola e a aprendizagem. Nesse sentido, o país tem muito a avançar, já que os professores começam a ter baixas expectativas muito cedo.

Acesse aqui um pdf com dados de perfil dos alunos, professores e diretores

Os dados dos questionários do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb) 2017, tabulados com exclusividade pelo Iede, revelam que, já no 5º ano, há mais professores que consideram que poucos alunos entrarão na universidade do que aqueles que apostam que muitos seguirão para o ensino superior: 21% contra 16%.

Entre professores do 9º ano, as expectativas são ainda menores: somente 8% acham que maioria de seus alunos irá para a universidade. Veja as comparações no gráfico a seguir:

De acordo com Ernesto Martins Faria, diretor-fundador do Iede e doutorando em Organização do Ensino e Formação de Professores na Universidade de Coimbra, ainda que os resultados do 9º ano e do 3º ano do ensino médio sejam piores, o número mais alarmante é o do 5º ano.

“É retrato mais puro das expectativas dos professores. Professores do 9º ano e do 3º ano do Ensino Médio poderiam ter buscado exercer altas expectativas em relação aos alunos, mas terem verificado uma realidade de pouca abertura dos alunos a investir nos estudos por diversas questões. Essa justificativa se torna menos plausível para o começo da escolaridade, onde os estudantes estão construindo a sua visão de futuro e a escola tem mais abertura para influenciá-los. Uma boa escola precisa acreditar no seu papel transformador e promover altas expectativas em relação aos alunos”, diz Ernesto.

 

Perfil dos diretores 

Os questionários do Saeb 2017 mostram que 76,8% dos diretores de escolas da rede pública são mulheres. No geral, 74% possuem especialização de pelo menos 360 horas e quase a metade (48,1%) trabalha há mais de 20 anos na área de educação.

Mais de 80% diz ter participado de pelo menos uma atividade de desenvolvimento profissional nos últimos 2 anos, e nove em cada dez diz que gostaria de ter participado de mais atividades. Chama a atenção, no entanto, o fato de que, apesar de muitos diretores terem participado de atividades de formação continuada, há uma variação significativa entre as regiões do país no percentual que diz ter organizado alguma atividade de formação continuada na escola, como atualização, treinamento, capacitação. Veja a seguir:

 

Perfil dos professores

Mais de 60% dos professores que responderam aos questionários do Saeb realizaram um curso de especialização (mínimo de 360 horas), 55,9% trabalham em apenas uma escola e 68,2% trabalham até 40 horas por semana. Além disso, 88,2% gostariam de ter participado de mais atividades de desenvolvimento profissional.

Os professores parecem manter uma relação boa com os diretores de suas escolas: quase 88,4% dos professores declaram confiar frequentemente ou sempre no diretor como profissional. No entanto, verifica-se que há aspectos que deveriam ser melhorados. O professor se sentir respeitado pelo diretor, por exemplo, deveria ser algo que acontece sempre, mas apenas 59% dos professores responderam dessa forma. Veja a seguir:

Acesse a seguir todas as análises dos questionários do Saeb 2017: