Colunista Renata Cafardo: O exemplo de Setubinha

2020-06-30T16:37:34-03:00 21/06/2020|

Estudo divulgado um dia depois que Abraham Weintraub deixou o MEC mostra que 82% das redes municipais estão oferecendo aulas ou conteúdos durante o fechamento das escolas

Por Renata Cafardo, O Estado de S.Paulo

O Brasil se livrou na semana passada de um ministro da Educação que nada se importava com Educação. Deixemos então Abraham Weintraub de lado, agora que ele finalmente se foi. E falemos do que as cidades brasileiras fizeram em suas redes de ensino durante a pandemia, mesmo sem qualquer articulação do governo federal.

Acesse o estudo “A Educação Não Pode Esperar”

Estudo divulgado um dia depois que Weintraub deixou o MEC mostra que 82% das redes municipais estão oferecendo aulas ou conteúdos durante o fechamento das escolas. Claro que se pode olhar o copo meio vazio e dizer que 18% não conseguiram fazer nada. Mas diante da total falta de ajuda do ministério, é uma vitória.

A pesquisa “A Educação não pode parar” foi feita pelo instituto Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional (Iede) e pelo Comitê Técnico de Educação do Instituto Rui Barbosa (CTE-IRB). Foi ouvida uma amostra de 232 municípios. Os números por região mostram que Sudeste e Sul, as mais ricas, têm 100% das suas cidades com ensino remoto. No Norte e Nordeste, fica em torno de 75%.

A pesquisa traz relatos como o da cidade de Setubinha, em Minas Gerais, que fica a 500 quilômetros da capital e tem 11 mil habitantes. Toda semana, os professores elaboram atividades, tiram cópias na secretaria da Educação e entregam aos pais ou aos próprios alunos na escola. Nesse dia, os docentes explicam a atividade nova e recebem as que foram feitas na semana anterior.

“Se, por acaso, algum aluno não devolve, o professor vai até a casa dele, procura saber o que aconteceu e resolve o problema”, conta o responsável pelo programa em Setubinha. A cidade é extremamente pobre e rural. A prefeitura percebeu que não seria possível cobrar o uso do computador ou do celular dos alunos. Setubinha “resolveu o problema”.

Houve também municípios que criaram 0800 para se tirar dúvidas, grupos e grupos de WhatsApp ou até passaram com carro de som avisando os pais sobre a importância de ajudar os filhos.

E exemplos de extrema organização, como Guajará Mirim, em Rondônia, que estabeleceu exatamente as funções do professor neste momento de escolas a distância: “1. Planejar as aulas não presenciais a serem desenvolvidas; 2. Apresentar à supervisão escolar com antecedência as atividades elaboradas para apreciação”… e seguia até a última, que é “registrar as atividades pedagógicas remotas desenvolvidas em portfólio, constando relatórios descritivos e fotográficos das ações, com gráficos do resultado do rendimento do estudante”. Leia a coluna na íntegra no portal do jornal o Estado de S.Paulo 

Acesse o estudo “A Educação Não Pode Esperar”