Valor Econômico: MEC, a porta da política para Fernando Haddad

2018-09-24T12:07:14-03:00 24/09/2018|

Por Malu Delgado, do Valor Econômico

Fernando Haddad ainda estava nos primeiros anos de sua gestão no Ministério da Educação (MEC) e almoçava, em Brasília, com o então secretário-executivo da pasta, José Henrique Paim, e o ex-presidente do Conselho Nacional de secretários de educação Mozart Neves Ramos. Ao perceber que o ministro era constantemente procurado pelo então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, Ramos arriscou: “É uma pena que você vai deixar de ser técnico e vai virar político. Com Lula te chamando desse jeito, você vai virar candidato ao governo de São Paulo”. Haddad retrucou, querendo mais explicações sobre a impressão do educador, que considerava nada plausível. Ramos prosseguiu, à mesa: “É só questão de tempo, Fernando. Lula não é burro. O PT precisa se renovar e ele percebeu isso”. “Dito e feito, não foi?”, disse Mozart Ramos ao Valor, às gargalhadas, anos depois, agora como diretor de articulação e inovação do Instituto Ayrton Senna. De fato, foi a gestão no MEC que abriu as portas da política para o professor Haddad.

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Há dois nomes lembrados por especialistas em educação quando se analisam políticas públicas e a gestão do setor no período pós-redemocratização: Paulo Renato Souza e Fernando Haddad. Se Paulo Renato, morto em 2011, é a bandeira tucana da educação, Haddad, hoje candidato à Presidência, é a vitrine que o PT exibe.

Além de ambos terem sido os mais longevos à frente do ministério _ o ministro do PSDB permaneceu na pasta 8 anos e o petista foi o titular por 6,5 anos _, também foram eles os gestores responsáveis por implementar ações inovadoras que democratizaram o acesso educacional num país assolado por desigualdades. Numa campanha eleitoral em que o PT trabalha para resgatar apenas as bonanças e ofuscar da memória do eleitor qualquer tragédia dos governos Lula e Dilma Rousseff, o partido tenta associar a imagem de Haddad principalmente ao ProUni (Programa Universidade para Todos), uma política definida, pelo próprio ex-presidente, como a “entrada dos pobres à universidade”. O ProUni, de fato, conferiu grande popularidade a Haddad e ao PT, mas nem de longe é apontado como a principal iniciativa do petista no MEC.

O principal avanço da gestão Haddad, apontam especialistas em educação, foi dar prioridade ao financiamento da educação básica, unindo as pontas da educação infantil (creches e pré-escola) ao ensino médio. Coube a Haddad ampliar o Fundef (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério) de Paulo Renato e criar o Fundeb, o fundo de toda a educação básica.

“É evidente a mudança do patamar de financiamento da educação de maneira geral. O orçamento do Ministério da Educação cresce significativamente. O governo federal propõe e aprimora, em 2006, o Fundo Nacional de Educação Básica, que substitui o Fundef, e eleva, em quase 20 vezes, a participação do governo federal neste fundo”, afirma Salomão Ximenes, professor de políticas públicas à Universidade Federal do ABC. Leia a reportagem completa no site do Valor Econômico

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