Iede é lançado em São Paulo para contribuir com o debate educacional

2017-12-21T15:43:18-03:00 30/11/2017|

O Iede (Interdisciplinaridade e Evidências no Debate Educacional) foi lançado em novembro, em São Paulo, em evento que reuniu educadores, gestores, jornalistas e especialistas em educação. Ajudar a qualificar o debate educacional, subsidiando jornalistas com dados bem contextualizados e pequisas, é um dos objetivos do instituto. O outro é fazer pesquisas em educação rigorosas e aplicáveis, que possam apoiar políticas públicas.

“Há uma preocupação das pessoas que trabalham com educação, que estão engajadas na causa, que é lutar por educação de qualidade para todos, educação como papel social”, disse o fundador do Iede e diretor executivo, Ernesto Martins Faria, no discurso de apresentação da instituição.

O pesquisador apresentou alguns dados que mostram os grandes desafios da educação brasileira. De acordo com o Pisa de 2015, apenas 3 dos 15.087 estudantes da rede pública que fizeram o exame foram classificados no nível 5 ou 6 nas três áreas avaliadas – ciências, matemática e leitura. Mesmo se somente o nível 2 for considerado como nível mínimo, apenas 2.913 alunos o atingem nas três áreas. Acesse aqui um PDF com os dados

Os dados da avaliação, porém, indicam também que tem muita gente fazendo a diferença, pois há alunos da rede pública de baixíssimo nível socioeconômico com boa aprendizagem. “A gente não tem só notícias negativas. Muito da nossa motivação ao criar o Iede vem das notícias positivas, de quem está fazendo a diferença, seja pensando política pública, seja na escola”, complementa Ernesto.

Assista ao vídeo a seguir e conheça o trabalho do Iede:

Painel sobre o debate educacional na mídia

Após a apresentação do Iede, Claudia Costin, do Centro de Excelência e Inovação em Políticas Educacionais da FGV-RJ; Paulo Saldaña, repórter do jornal Folha de S.Paulo; e Fábio Augusto Machado, educador na EMEF Professora Marili Dias, participaram de um painel sobre o debate educacional na mídia. Entre as questões apontadas pelos debatedores e a plateia estão a dificuldade em entrevistar professores e a falta de notícias positivas sobre educação na imprensa.

“Os professores não devem ser as únicas fontes: economistas precisam falar, gestores precisam falar [no debate educacional]. Mas o professor não fala. Precisa falar também” – Fábio Machado, educador

“É difícil discutir educação, são muitos fatores que concorrem para o sucesso ou fracasso da educação”, disse Fábio, ressaltando que a imprensa deve estar atenta a essa complexidade. Segundo ele, para ser mais qualificado, o debate precisa incluir os professores, que estão no chão da escola. “Os professores não devem ser as únicas fontes: economistas precisam falar, gestores precisam falar. Mas o professor não fala. Precisa falar também”.

Segundo Paulo, muitas vezes a imprensa tem dificuldade de chegar aos professores que, por medo ou mesmo por proibição dos gestores, não concedem entrevistas. Ele destaca que no estado de São Paulo, a iniciativa Fala Educadora, Fala Educador, firmada em parceria com a Jeduca (Associação de Jornalistas de Educação), afirma que dar entrevistas é um direito do professor. Mesmo assim, ele conta que, às vezes, ainda encontra dificuldade para obter declarações dos docentes.

Em relação a notícias negativas, o jornalista diz que é preciso considerar o papel fiscalizador da imprensa. “A imprensa tem um papel fiscalizador importante, tem o papel de escancarar e expor o que não está bom”, ressaltou.

Tivemos avanços na cobertura de educação nos últimos anos. Mas, infelizmente, esses avanços coincidiram com a diminuição das equipes de jonalismo. Mas não acho que [a educação no Brasil] é história só de desgraça” – Claudia Costin, do CEIPE FGV RJ

Para Cláudia, o Iede tem um importante papel: “Tivemos avanços na cobertura de educação nos últimos anos. Mas, infelizmente, esses avanços coincidiram com a diminuição das equipes de jonalismo. Mas não acho que [a educação no Brasil] é história só de desgraças. Acho que o espaço do Iede é fantástico”.

Sobre o Iede

O Iede nasce da crença de que para transformar oBrasil, de fato, é preciso educação de qualidade e com equidade. Nosso trabalho divide-se em três grandes pilares: dar suporte a jornalistas com pesquisas e dados educacionais bem contextualizados; produzir pesquisas aplicadas rigorosas; instrumentalizar instituições para avaliarem seus projetos e medirem seu impacto, de modo a viabilizar uma atuação mais efetiva. Saiba mais

Para nos apoiar em nossas ações, temos um comitê técnico formado por 12 pesquisadores, que se debruçam sobre diferentes áreas da educação, de ensino superior a habilidades socioemocionais e clima escolar. Conheça aqui

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